quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Dezembro

Pode ser pela semana chuvosa. Pior ainda por ser dezembro.
Nesse último mês do ano o clima fica as vezes meio apressado-nervoso-frustrado-ansioso. Sempre é corrido, muito mais do que o ano inteiro. Sempre tem muito mais gente na rua, parece que brotam de algum lugar nessa época. Sempre piora o trânsito, os motoristas ficam mais intolerantes, os pedestres ficam mais suicidas. Dezembro é tenso. Quinhentos encontros de final de ano com gente que você viu o ano inteiro e que vai continuar vendo ano que vem. Amigos ocultos, listas enormes de presentes a comprar, enfeites, comida. Encerramento de prazos de trabalho, finais de curso, provas. Tudo isso no calor e chuva de dezembro.
Em meio à correria externa, aqui dentro fica uma bruma. Me dou conta do que queria ter feito e não fiz. Me dou conta de que não dou conta de tudo. Penso no que vou fazer ano que vem. E aí é só contar até 10 para perceber muito bem instalada a receita ansiedade-angustia-medo (e para melhorar, cólicas menstruais). Sim, dezembro com chuva fica ainda melhor com uma coliquinha.
Sento na frente do computador e digito algumas pesquisas, na esperança do Google me dar a rota da minha vida. Me sugerir alguma coisa para fazer. Como se eu não já tivesse uma lista enorme...
A lua mingua e com ela a minha vontade. Plutão e Saturno estão conversando no céu, nem precisava falar, senti o peso deles desde semana passada. Tudo fica difícil, tudo fica pesado. Pensamentos, sentimentos, vontades. Tudo suspenso no ar, confuso, denso.
Observo a tudo isso, as vezes afogada, as vezes na beira do rio. É sempre assim. Dezembro vem para limpar, depurar. E para isso é preciso mergulhar sem medo, buscar nas entranhas a cura. Vai sem medo, porque, incrivelmente, no primeiro dia do ano essa nuvem já foi embora e vem uma alegria e esperança que transborda no peito. Todo ano é assim. Pelo menos para mim.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tempo Rei

Há quanto tempo não dou as caras por aqui...
Não sei...
se sou eu que sempre estou fazendo 108 coisas diferentes ou se todos estamos assim, ou se o planeta está girando mais rápido, ou simplesmente ele escorre mesmo pelas mãos...se é só o meu saudosismo típico, mas a verdade é que há tempos sinto saudades crônicas.
Não há tempo suficiente para curtir as pessoas queridas, paparicá-las, perceber as crianças crescerem. Em um piscar de olhos o tempo passa e tudo muda, e quando vejo, uma amiga perdeu sua vozinha e eu não estava lá para oferecer meu ombro. Quando me dou conta, os bebês que há pouco pegava no colo já estão por aí no mundo.
Queria muito ser mais presente na vida de algumas pessoas. A minha inclusive.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Frases para a humanidade

Três frases que resolveriam boa parte dos problemas do mundo se fossem entendidas.
A primeira é que:

Lemos mal o mundo e dizemos que ele nos decepciona
(Tagore)
A segunda, ainda mais incrível:
Por que você não se torna aquilo que só você pode se tornar?
(história judaica)
E por último, todo o conhecimento de vedanta resumido em três simples palavras:
TAT TWAM ASI
(Você é aquele)

Viagem

Estou indo, disposta a mergulhar mais uma vez no universo que sou.
Com a mente e coração abertos para o que vier.
Transcender.
Respirar.
Observando tudo como quem senta na beira do rio...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

03 de setembro, dia do biólogo!

Parabéns a todos os biólogos! Recebi um email e estou colocando ele aqui, achei divertido.
Sim, ainda pulsa uma bióloga aqui dentro...rsrs. Escondida, mas está por aqui em algum lugar.
Biólogo não come, degusta
Biólogo não cheira, olfata
Biólogo não toca, tateia
Biólogo não respira, quebra carboidratos
Biólogo não tem depressão, tem disfunção do hipotálamo
Biólogo não admira a natureza, analisa o ecossistema
Biólogo não elogia, descreve processos
Biólogo não tem reflexos, tem mensagem neurotransmitida involuntária
Biólogo não facilita discussões, catalisa substratos
Biólogo não admite algo sem resposta, diz que é hereditário
Biólogo não fala, coordena vibrações nas cordas vocais
Biólogo não pensa, faz sinapses
Biólogo não toma susto, recebe resposta galvânica incoerente
Biólogo não chora, produz secreções lacrimais
Biólogo não espera retorno de chamadas, espera feed backs
Biólogo não se apaixona, sofre reações químicas
Biólogo não perde energia, gasta ATP
Biólogo não divide, faz meioses
Biólogo não faz mudanças, processa evoluções
Biólogo não falece, tem morte histológica
Biólogo não se desprende do espírito, transforma sua energia
Biólogo não deixa filhos, apresenta sucesso reprodutivo
Biólogo não deixa herança, deixa pool gênico
Biólogo não tem inventário, tem hereditário
Biólogo não deixa herdeiros ricos, pois seu valor é por peso vivo

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Aprendendo

Tudo as vezes parece ser tão urgente. Me parece tão desesperado. A vida urge. Tenho aprendido a saborear uma boa espera. A curtir a ansiedade sem deixar com que ela me tome. A ordenhar meus medos e tirar deles o leite sagrado, a sabedoria. Minha natureza é de ser tudo para ontem, de querer definir o tempo certo para as coisas acontecerem. Tolice. Não é assim. Simplesmente não é. As coisas acontecem de acordo com uma ordem maior, tudo a seu tempo. Para quê pedir algo se não sei se é o melhor para mim? Peço o melhor para mim, não importa o que seja, que seja o melhor possível.
Venho me apaixonando pelos doze passos a serem seguidos pelo ser humano, pelos doze arquétipos que nos habitam. Cada um com seu movimento, seus anseios, seu tempo.
Áries, touro, gêmeos, câncer, leão, virgem, libra, escorpião, sagitário, capricórnio, aquário e peixes.
E os planetas, e as casas e os aspectos e a infinita e mágica combinação entre tudo isso.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sorriso, riso e gargalhada



Se tem uma coisa que eu gosto de fazer na vida é rir. Também curto chorar quando é preciso, mas nada como uma boa gargalhada. Nada como pessoas que te fazem rir. E nada como aliviar a dor de alguém com uma risada.
Rir a toa, rir dos perrengues, rir da risada de alguém, rir de si mesmo, rir até fazer xixi, rir de perder as forças, rir de dar caibra na bochecha. Rir por dentro.
Basta um pensamento, uma lembrança, uma palavra, uma conversa no msn.
Hoje é dia de sorrir.



assinado: eu e minha gargalhada indiscreta.

sábado, 18 de julho de 2009

Agradecimento e amizade

Tenho a sorte de ter pessoas queridas e especiais a minha volta. Por minha volta digo o mundo todo pois meus amigos estão espalhados por aí. Mas sempre presentes, sempre. Nessa vida tão corrida, algumas notícias e respostas de apoio são por email mesmo. Sem o menor problema, saber que estou em seus pensamentos, em seus corações já me aquece a alma. Agradeço sempre por tudo, mas hoje é dia de agradecer à vida pelos amigos que ela trouxe para mim.

- Obrigada vida, pelos amigos que você trouxe para mim.

Planos

Colocar os pés no chão e a mão no coração.
Abrir bem os olhos.
Traçar a meta e ir.

Sem medo de sentir, de enxergar.
Sem medo da chegada.
Curtindo o caminho.

Fazer o que deve ser feito
E deixar o resto com Isvara.

Bruta flor do querer

Onde não queres nada, nada falta.




Já dizia Caetano.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Chuva e choro

Chove lá fora, aqui faz tanto frio...

Dias cinzas.

Preciso me encontrar...

No momento, vontade para pouca coisa.

Coração apertado, trancafiado. Vontade de chorar.

Aqui dentro, a paz escondida espera a tempestade passar.

Rezo, respiro, tomo um chá.

Preciso me encontrar.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vida e vedanta

Ainda não amanheceu e eu estou aqui esperando o dia. As vezes choro, as vezes olho para tudo em volta com o olhar perdido. Preciso juntar meus cacos e ser eu novamente. Dói mas é o que tem que ser feito.

Ainda bem que tenho pessoas queridas a minha volta, que com palavras, gestos ou pensamento me acolhem em seus corações. Ainda bem que verdadeiramente eu sou plena. Ainda bem que eu confio na ordem que governa o universo. Ainda bem.

Uma semana intensa acaba de passar. Cinco dias ao lado na minha Mestra tão especial, com pessoas tão especiais. Já havia estudado a Gita inteira pelo menos uma vez, e mais alguns capítulos "soltos", mas dessa vez as palavras de Krsna mexeram em lugares que eu estava tentando não olhar. Pedi clareza mental e Ganga levou meus óculos escuros preferido. É necessário abrir mão, algum sacrifício é necessário para continuar.

É o que consigo escrever por agora.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Próximas peregrinações

Quem vai? Quem vai? Tirando a viagem à Índia, estamos juntando peregrinos...

Índia - Yamunotri e Kedarnath

Caminho de Santiago de Compostela - partindo da França

Machu Pichu

Chapada Diamantina

Chapada dos Veadeiros

É melhor para por aqui, essa lista não tem fim!!!

(Ainda bem!)

Hoje

Larguei as falsas proteções, cuidei do meu leão, limpei meus óculos. Ajustei o rumo, acertei o passo, aceitei o emprego do espírito. Quis ser feliz e fui. Simplifiquei o que poderia complicar. Chorei até passar a dor e dar vontade de rir. Parei de fazer o que eu não quero. Larguei a cesta no trem. Canto pela estrada, a viagem é longa.

É tempo

É tempo de renascer.
É tempo de sonhar.
É tempo de ouvir o Ser.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vida

Por que complicamos tanto?
Tudo poderia ser tão mais simples, tão mais leve.
Por que sofremos tanto?

É hora de derrubar antigas crenças, imagens, idéias.
Encarar o vazio.

Reconstruir.

Matar o tempo em direção à morte da melhor maneira possível.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Minha Alma

Minha alma está exigindo demonstrações de coragem do meu ego.
Chega de negociações.
É preciso atravessar a noite escura, sentir frio.
É preciso.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Isvaraaradhana

Isvaraaradhana quer dizer confiança na ordem cósmica que governa esse universo. É o que eu tenho escrito nos meus dois braços.

As vezes ficamos paralisados, com medo, ansiedade, necessidade de controlar o futuro...e a confiança em nossa essência? Na alma que nos nutre, que nos dá sinais, intuições, fala conosco através dos sonhos, coloca pessoas e situações em nossa vida a todo momento...a alma é livre, o corpo é que nos aprisiona à idéia de que somos somente isso. A mente também nos aprisiona, mas é somente através dela que nos libertamos da falsa idéia de quem somos fundamentalmente.

Nós somos parte desse corpo divino que é o universo. Somos sua manifestação, e como seres humanos, temos uma mente que consegue refletir essa consciência. Quanto mais afiada e cristalina, maior o poder de reflexão. A sensação de que nos falta algo é falsa. A busca por uma felicidade é falsa. O sofrimento é falso. Não falso no sentido de que não exista. Claro que existe, e como dói! Mas é falso no sentido de que está baseado em falsas identificações. Nos identificamos com esse corpo, essa mente, essa vida e é claro, nos sentimos limitados e frustados. A partir do momento em que o indivíduo descobre que é muito mais do que mente e corpo, que sua essência é ilimitada e eterna, aí sim, não há REAL MOTIVO para o sofrimento.

Não há o que buscar, o que fazer, um lugar onde se deva chegar. É preciso SABER, reconhecer que você JÁ É a felicidade que tanto busca. Mesmo depois de saber, volta e meia nos esquecemos e ficamos ali imersos nos sentimentos, pensamentos, nas emoções, no vai e vem do mundo. Mas aí nos lembramos novamente e por aí vai, como uma meditação, deixamos a mente ir e a trazemos de volta. Mesmo quando totalmente absorvido pela dor, é possível perceber um estado de plenitude, beeeeem lá embaixo, como se fossemos um rio em que na superfície só vemos uma água turbulenta, muitos galhos, muitas pedras, muitas folhas e lá embaixo uma água cristalina e calma, só silêncio e nada mais.

A sensação de silenciar a mente, por frações de segundo que sejam, é uma das coisas mais impressionantes da vida, o Samadhi. É algo tão forte, que pode se tornar um obstáculo para aquele que busca a liberação, ficar preso a idéia de que essa sensação é que é a felicidade e passar a buscá-la novamente incessantemente. Não é. A alegria e o entusiasmo não são ESSA FELICIDADE da qual eu falo, da qual os VEDAS falam. Essa felicidade é algo muito maior, algo pleno, imutável, real. A nossa vivência é de um mundo absolutamente mutável, dual, inconstante por natureza. E por isso sofremos tanto. Mas e quando estamos em sono profundo, para onde vai essa dor? No sonho ainda temos a mente ali trabalhando, mas e quando entramos em um outro estado de consciência? Não sentimos mais o corpo, não sentimos mais a mente. Quem está ali?

Quem você é realmente.

Temos muitas experiências de que somos limitados, mas algumas nos dão a dica de que não é bem assim. O sono profundo é uma delas. Contemplar uma paisagem e não sentir falta de absolutamente nada é outro exemplo. Ter um orgasmo pleno e perder a sensação de corpo, mente, tempo e espaço é outro.

A vida pode ser muito mais simples do que se pensa. Basta parar de pensar tanto...

obs.: Obrigada Gloria.
Obrigada Sergio.

sábado, 23 de maio de 2009

Introspecto

É hora de seguir em frente.
Curtir toda a dor que me cabe.
Viver o luto. Perder o chão.
Desabar em mim e descobrir quem sou.




terça-feira, 19 de maio de 2009

Mulheres e a sensualidade

Existem mulheres que pensam que rebolar em excesso e fazer caras e bocas é super sensual e vai lhes preencher o vazio que sentem e o medo de ficarem sozinhas. Mulheres que precisam da aprovação e admiração de qualquer um que seja. Seduzir só por seduzir, num voo raso e superficial que termina vazio como começou.

Sensualidade vai muito além do corpo ou dos movimentos que possam ser feitos. Sensuais são as palavras, a conversa. Como dizia Adelia Prado, a alma é erótica. Por isso as relações baseadas em sexo somente, são dissolvidas ao nascer do sol. Sexo é essencial, mas é preciso querer passar a vida conversando com aquela pessoa, fazendo carinho com palavras. E não é ficar se declarando. Como Barthes dizia, "Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada". 'É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética'.

Sensual em todos os sentidos. Tato, audição, olfato, paladar e visão. E intuição, e alma. Sem automatismos, sem impulsos carentes, sem fazer por fazer, sensual por ser quem é, por estar ali inteira na frente do outro sem medo de se deixar ser amada, sem medo de cair de cara. Querendo mergulhar no outro realmente, e não apenas deixar no colo do outro uma bola com todas as suas neuroses, esperando que sejam resolvidas. Ser inteira e não metade. A minha felicidade é uma responsabilidade minha e de mais ninguém.

Pela vida mais leve e feliz, pelas relações mais verdadeiras, pelos homens e mulheres, pelo sexo, pela poesia, deixo aqui meu manifesto.

(Risos, muitos risos)

Mente e desejos

Temos uma estrutura chamada ego, que apesar de assumir um comando e uma posição de "chefe" que não lhe é de direito, nos é fundamental à sobrevivência. Nossa personalidade é construída nos primeiros anos de vida e a partir daí seguimos repetindo os mesmos padrões até a morte. Salvo alguns poucos casos em que, num esforço enorme, muita prática e paciência, conseguem modificar sua maneira de reagir ao mundo. Temos gostos e aversões e isso rege nosso julgamento, consequentemente nossa vida. Quase tudo fica no automático. Para envelhecer, basta estar vivo, já dizia Swami Dayananda. Qualquer filhote de qualquer animal fica adulto com o passar do tempo, basta esperar. Mas esse é o objetivo da vida? Esperar ela passar? Uma criança nasce, o tempo passa, ela fica adulta. É isso? Não. Para o ser humano é um pouquiiiiinho mais complicado. Precisamos crescer emocionalmente, amadurecer. E isso não é só questão de tempo, tem que ter vontade. E coragem também.

As vezes dá uma vontade de desistir...ninguém nunca disse que seria fácil. Olhar para si e ter disposição para mudar. Olhar e se aceitar sem julgamento, enxergar e passar a escolher quais sementes regar - para não reclamar na hora da colheita. É um exercício diário e constante, uma vida meditativa eu diria, é o karma yoga dito na Gita, conceito que é infelizmente tão confundido por aí...

Karma Yoga é atitude na ação. Observar e conhecer sua mente. Reconhecer que é responsável por suas escolhas, e que o fruto é resultado delas. Pode ser o que você esperava, pode ser o que você não esperava, pode ser algo completamente diferente. Mas o receba. Não temos controle sobre os resultados, somente sobre as ações. Renuciar ao apego aos resultados das ações, saber que há uma ordem no universo, leis que não falham. E que pode não vter vindo o que você esperava, mas é o adequado à sua ação, então mude sua forma de agir ao invés de reagir ao resultado. Isso é karma yoga. É essa atitude que nos ajuda a ter o comando sob a mente.

A mente nos enrola cada vez que tentamos dete-la. Não é com rigidez disciplinar que conseguimos alguma coisa...é com uma boa conversa. Deixa ela escapar de vez em quando, mas não a perca de vista. Negocie. Antes de ser um desejo incontrolável, era um pensamento que foi bem alimentado...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Por do sol, hora difícil

São três horas da tarde de sexta-feira. Daqui a pouco é a hora da angustia. De mais ou menos quatro e meia até as seis. O por do sol. É a hora do dia mais difícil para mim. Talvez por ser oposta a minha hora preferida, seis da manhã. O nascer do sol. É um momento em que me encho de alegria e esperança. De força. As seis da tarde se eu bobear quando me dou conta já estou ansiosa, angustiada, dependendo do dia do mês e da lua, em surto.

Já ouvi dizer que esse horário é regido pelo elemento água, na medicina chinesa, rins, tudo ligado ao sentimento de medo. Faz sentido, ansiedade nada mais é do que a necessidade de controle. É a história da mulher que carregava um cesto pesado em cima da cabeça dentro do trem. Uma pessoa chegou até ela e disse: pode colocar no chão. E ela: Está muito pesado, o trem não aguentaria. Assim somos com Isvara (ordem que governa o universo), achamos que temos que carregar e controlar, que o "trem" e mais ninguém aguenta...então colocamos o nosso "fardo" nas costas. Crentes que estamos de fato carregando alguma coisa. Tanta energia disperdiçada, tanta força por nada. Tudo tem seu rumo, independente da nossa vontade. Nós somos responsáveis pela escolha na ação. Parece pouco, mas é tudo. Escolher quais sementes regar. Mas o que acontece é que plantamos abacate e queremos colher sapoti. E depois da colheita choramos, ficamos inconformados, nos sentimos injustiçados e procuramos alguém para colocar a culpa.

Para quê facilitar se podemos complicar não é mesmo?




segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Tradição Védica

(Outro texto das antigas)


OM

Para que toda ação tenha sucesso são necessários três fatores: PRAYATNAM, o esforço adequado, KALAM, o tempo necessário e DAIVAM, algo que está além de nosso controle, desconhecido, divino, sorte. Por isso devemos sempre ter humildade e agradecer o que está acontecendo. Recitamos então antes de tudo, cânticos e orações védicas para centrarmos nossa mente e para que sejamos abençoados no que estamos fazendo.

Inicio assim esse grande projeto, agradecendo. Tenho a consciência de que sou somente um instrumento de passagem do conhecimento, o mantenho afinado para que o som seja ouvido e sentido com clareza.

Veda quer dizer conhecimento. Vedanta é o estudo do final dos Vedas, revela o Ser único, diferente da matéria, da energia, do sutil ou da alma. Revela o Atma, o Purusha, o Eu, a pura consciência.

São muitas palavras novas, mas com calma estudaremos cada vez mais para bebermos na fonte de saber que chega até nós preservada graças ao sânscrito e a estudo passado de mestre a discípulo. Por enquanto apenas tenha em mente que você já é a felicidade que tanto procura.

 

“Seja o que for e seja como for

Estarei contigo, estarás em mim

Porque não és quem fazes parte de mim

Sou eu quem compõe tudo o mais que é Você

Nada mais, nada além, nada aquém.

Ponho-me diante de ti para que me possa ser revelado

Toda e qualquer verdade nos momentos em que precise

Peço clareza para que possa entender

Seguir e manter-me bem em meu caminho

Ora tomo consciência, ora a cuspo.

Busco e fujo

Assim somos nós, humanos.

 Frágeis, iludidos.

O universo é instável, mutável, perecível, dual...

Parece claro toda a verdade,

Mas até o próprio pensamento não para,

E quando menos esperamos,

Nos identificamos, apegados aos prazeres, rejeitando os desprazeres, culpando a nós e ao mundo...

Ajude-me a ter minha mente fixa no Eu,

Destruindo de vez o véu da ignorância,

Preenchendo cada vez mais esse vazio eterno e incomodo que parecemos ter

Que eu enxergue somente a verdade

O Eu que todos somos

Paz.”.

 

Marina Gante

Meditar é aprender a ficar

Esse texto foi escrito há uns anos atrás, quando fazia o curso de professores de yoga na ABPY, para uma aula de psicologia. Como minha amiga Carol, decidi sair da gaveta.


Cada vez mais me convenço de que precisamos mesmo praticar muito yogasana, pranayama, concentrações, yoga nidra... Tudo isso para nos recondicionarmos, desapegando de velhos padrões e adquirindo novos, mais adequados. Podendo enxergar o mundo sem preconceitos.

Sim. Antes de falar em meditação é necessário que abandonemos qualquer pré-conceito ou suposto entendimento que possamos ter a respeito. Meditação é mais do que parece.

Comecemos falando dos resultados, imediatos e secundários. A disciplina por si só, tapas, já se revela como um caminho. Porem não é só isso: o indivíduo tem a oportunidade de se conhecer, o sono melhora, o rendimento intelectual, a digestão, as manhãs de segunda-feira chuvosas, os relacionamentos, a capacidade de realização.

Milagre? Alguns até dão esse nome quando ocorre uma grande mudança em sua vida. O fato é que o “milagre” foi olhar para dentro.Mudando tudo até sem mudar nada. Apenas começamos a viver o presente, sabendo que controlamos apenas as nossas ações e não os resultados. E que não valeria a pena controla-los, já que tudo é mutável, maya.

Mas não há como transcender o tão dominador ego se não o conhecermos bem. O difícil não é reconhecer nossa natureza divina. Isso é maravilhoso. Difícil é reconhecer nossa natureza humana: perecível, limitada, muitas vezes instintiva, interagindo com o mundo...E precisando de um ego para isso, daí a falsa idéia de aniquilar esse “inimigo”.

Nessa etapa muitos correm ou continuam iludidos. Os primeiros não agüentam ficar presentes, não suportam perceber o vazio que é ficar com um estranho (eles mesmos); outros já permanecem na ignorância de sua própria natureza porém, com a falsa impressão de estar buscando o auto conhecimento sem se dar conta de que estão apenas substituindo os objetos com os mesmos e velhos padrões.

Nesse processo, pode ocorrer irritação, tristeza. Persista. Meditação não é somente sentir-se bem. É aprender a relaciona-se com você mesmo, a gostar do que vê, a pensar e agir objetivamente. Desenvolvendo segurança e compaixão.

Há varias técnicas. Claro que o objetivo é levar uma vida meditativa, mas até lá é necessária muita disciplina. Basicamente consiste em sentar-se com a coluna ereta e aplicar a técnica escolhida. A coluna dói, o pé formiga, vem os obstáculos, o sono, os pensamentos, o muro (quando nada acontece) O que fazer? Continue.

Dor, prazer, fique. É o grande ganho: a estabilidade. O conforto não na postura, mas na vida. Situações fáceis ou difíceis, manter o equilíbrio. É trabalho por muito tempo, o tempo todo. Cada ação, uma oportunidade de crescer.

Uma das primeiras características que aprendemos sobre a mente é que não se consegue nada a força, então naturalmente desenvolvemos o valor pelo domínio da mente. Não é comando sobre o cérebro, nem tentar acabar com todos os pensamentos. É comandar a maneira de pensar. A mente é volúvel por natureza, mas o pensador não precisa ceder a todos os seus caprichos.

Um método que aprecio muito é a utilização de um mantra. O japa mala evita a preocupação com o tempo e com contagem de mantra ou respirações. O mantra não precisa ter necessariamente um significado. Basta repetir mentalmente ou em voz alta e perceber o espaço entre um mantra e outro. Pode também ser em adoração a divindade com a qual há identificação.

Assim, o vazio sentido antes é preenchido por nós mesmos. A paz e a felicidade, tão procurada fora, não está em lugar algum. É nossa essência.

Há quem diga que ocidentais devem meditar diferentes de orientais, ou que o ambiente deve ser assim ou assado, melhor local, horário. Não importa, pode ser caminhando, comendo, lavando louças, tomando banho, um bom começo é começar. Deliberadamente se propor a seguir o caminho para dentro.

Detalhe importante: saiba que qualquer que seja é apenas uma técnica. Por mais benefícios e bem estar que traga, não faça dela outra bengala para você nesse mundo. Não é a meditação que torna alguém feliz, ela nos lembra o que já somos, nos ajuda a experenciarmos nossa natureza. O apego faz o efeito contrário, infla ahamkara (ego). Todo caminho tem obstáculos. A verdade está em nós, não é fácil, mas é simples: fique.      

terça-feira, 5 de maio de 2009

Synecdoche New York

Outro dia, já fazia tempos que não ia ao cinema, fui com uma amiga, sem saber qual filme seria.
Chegando lá, tudo lotado. "Vamos ver esse aqui, que também acho que é bom". "Vamos então".

Caí de para-quedas (ai, deve ser sem hífen agora né?) 
Enfim, caí no filme sem saber do que se tratava, não fazia idéia de quem era o diretor ou os atores, nada.

Quando o filme acabou, estava muito mexida, incomodada, mas não podia dizer que não tinha gostado. Naquele momento só sabia que talvez fosse o filme mais doido que tivesse assistido...

Fui para casa pensando, cheguei em casa, conversei sobre o filme e de repente:
"Quer saber? Gostei desse filme!"
No dia seguinte:
"Cara, adorei esse filme"
E mais uns dois dias:
"Puta que o pariu! O filme é fodaaaaa!!!"

E assim foi, quanto mais eu lembrava e pensava no filme, mais ele fazia sentido. 
Vários sentidos.
Uns dias depois descobri que o diretor é ninguém menos que Charlie Kauffman!!!

"Tinha que ser"

Ouvi falar que o personagem dá nome a uma síndrome que existe de verdade. 
Muitos tem imitado o comportamento do Cotard. Buscando a vida, a criação perfeita, esquecem de viver e de alguma maneira já estão mortos. Triste.

Atores, roteiro, cenografia, personagens, arte, ser humano, vida. 
Por isso tudo esse filme vale a pena.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mulher

Esses últimos dias foram só das mulheres.

Na sexta, a segunda parte do "Filme das Mulheres". 
Muito riso, muita emoção. 
Coisas guardadas há tempos colocadas para fora. Lindo.
Chegamos a um ponto em comum do feminino bastante incômodo e por enquanto ficarei nesse lugar desconfortável até que tudo possa ser digerido.
Não há mais a dúvida se será um filme, será um filmaço.

No sábado, reencontro com amigas de longa data, como sempre uma "época boa".
Aconchego, crianças, questões existenciais, auto conhecimento, muito riso para variar.

Mulheres lindas, guerreiras, rainhas.

O feminino é a própria dualidade em si. 
Temos a liberdade de levar todo e qualquer paradoxo ao limite, de exercermos toda a contradição possível, de gritar quando vemos uma barata, de sermos influenciadas pela lua.
E essa liberdade só nos pode ser tirada por nós mesmas, pela prisão de nossos medos, receios, cabeça, sentimentos, conceitos. 
Pela prisão de nos achar presas.

Um beijo e abraço enormes em todas as mulheres do mundo!!!


sexta-feira, 1 de maio de 2009

Filme das Mulheres

Hoje oito mulheres se reunirão em um apartamento branco e vazio munidas de imagens delas mesmas. Imagens e expectativas. Oito mulheres, uma televisão, bebida.

É o segundo encontro de um número desconhecido de encontros.
Provavelmente 3.

O primeiro, o começo do experimento.
Experimentação de si mesmas.

A segunda fase, se olhar, observar.
Julgamento, personagem.
Não sei.

O terceiro ato, numa casa onde tem uma porta que abre para o nada.

Oito mulheres.

Um (?) filme (?)

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cinema

O documentário me fascina. 
Provavelmente porque a vida me fascina.

Quando filmo, quando saio com uma câmera na mão, as vezes sem idéia nenhuma, isso não me incomoda. Me sinto indo buscar inspiração. Parece que o que eu filmo são cores de uma paleta e que eu posso transformar em um quadro, mas que só vou descobrir qual será depois. Me sinto livre para criar com o que a realidade me oferece no momento em que eu ligo a câmera.

Para mim há mágica na vida e como não poderia deixar de ser, também no cinema.

Documentário ou ficção, para mim são duas maneiras diferentes de contar histórias. 
Simples. 

No final das contas,
tudo não passa de uma grande ilusão. 

A vida. 


Crise

Por esses dias tenho andado em crise.

Disparada por conversas, aulas, situações. 
Em relação a mim, ao meu trabalho, ao filme documentário, a arte, a capacidade criativa.

Lembro de uma parecida (porém bem mais sofrida) em relação ao Yoga.
Estava em Porto Alegre, fazendo um curso de ashtanga. Era o segundo módulo, já conhecia parte das pessoas ali. Já estava quase me formando na ABPY (formação em hatha yoga ) também. Já estudava com a Gloria há alguns anos. Já dava aula há um tempo. Mas entre confusões, sentimentos a flor da pele e algumas expectativas se formou um climão entre alunos e professores e em meio a isso tudo eu surtei.

Lembro de ter tido uma crise de asma, como há anos não tinha. Puramente emocional. Cheguei no médico lá em POA e simplesmente chorei. Estava confusa. Tinha muitas informações muitas vezes contraditórias e não sabia para onde ir. No auge da minha cruel autocrítica começei a questionar a aula que eu estava dando, o que eu estava fazendo. E olha que o climão nem foi comigo.

Voltei para o Rio. Continuei dando aula, mas a minha cobrança descabida minava minha energia. Só tinha uma coisa a fazer: ir na fonte. E assim fui eu de mala e cuia, sozinha, para a Índia, tentar descobrir o que é essa prática de hatha yoga. Essa viagem foi muito importante para mim em diversos aspectos, até muito mais profundos do que o eu poderia imaginar. Mas de hatha yoga ainda não estava satisfeita. Tinha dores e dúvidas que não conseguia resolver.

Com as voltas que o mundo dá, acabei parando de dar aula e prestando vestibular para Cinema na UFF, sonho antigo, onde estou até hoje. Estava mais tranquila, já sabia o que eu não queria, o que eu não concordava e principalmente, que não há muito certo e errado em várias questões do hatha yoga.

Mas foi numa palestra de uma outra professora de yoga, a Nazareth, por coincidência também de POA, que eu tive minha angustia dissolvida. Ela também, como muitos, se machucou, teve dores e dúvidas como eu. E abriu seu coração de uma maneira tão simples e sincera que me emocionei. Conversei muito com ela depois, foi ótimo. Uma pena não poder hoje me aprofundar mais, mas quando precisar seguir por esse caminho, já sei qual estrada pegar.

Agora fui buscar outras questões para me incomodar...rsrsrs 


terça-feira, 28 de abril de 2009

Mudanças...

Resolvi fazer um outro blog, só para a Índia.




Afinal, ela merece.


O endereço é esse aqui:

http://micanaindia.blogspot.com/

sábado, 25 de abril de 2009

Sobre ontem

Encontrar pessoas queridas, matar a saudade dando um abraço apertado.
Nada melhor.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Aquele abraço/ nostalgia

Não tem coisa melhor do que um abraço bem dado. Aquele sem medo, forte, que não tem hora para acabar. Aquele que alegra, que mata as saudades, que consola. Comecei com abraço, mas me deu uma saudade...

Sou nostálgica por natureza. A tarde eu já sinto saudades da manhã. Sinto saudade até do que não foi. Lembro que na adolescência, sentia a saudade que eu teria daquela época no futuro. No meio de uma viagem, já começo a sentir saudades de onde estou. 

Essa noite sonhei com um amigo me perguntando por quê meus pensamentos eram na cor sépia.
O sonho era colorido. 


domingo, 5 de abril de 2009

Das antigas

Achei umas coisas que escrevi há um tempo atrás...


Água lava, leva, limpa
Lava a alma, leva a mágoa, limpa o ar
Água pura na dura pedra escorrega
Água queira estar na beira sem transbordar
Para que eu possa equilibrar
Não seque ou afogue
Regue
Aos poucos e sempre, mantenha o fluxo
O ritmo, o som
O rio corre e não se preocupa se encontrará o mar
Água cai sem se machucar
Evapora sem avisar
Origina a vida
Alivia a dúvida
Choro nela para me consolar

08/06/2003

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Graúna 558

Vem aí, mais um documentário da Taioba Filmes, o "Graúna 558"!!! As filmagens serão feitas na semana santa, na comunidade de Goura Vrindávana, na Serra da Bocaina.

terça-feira, 31 de março de 2009

Momento Jabá

Gloria

"Gloria" é um documentário que fiz durante uma viagem de peregrinação à Índia, em setembro de 2007. Conta a história de Gloria Arieira, que morou na Índia nos anos 70 e somente após 30 anos e várias tentativas, conseguiu visitar um certo templo na cidade de Tirupathi. Em um mês de viagem, os peregrinos visitaram a nascente do Ganges, as cavernas  de Ramana Maharish, Badrinath, Rishkesh, lugares importantes na tradição védica.

No ano 2000, já praticava yoga e meditação há um tempo, e fui assistir a uma palestra da Gloria na ABPY (associação brasileira de professores de yoga), na época eu fazia o curso de formação lá. Lembro de ter ficado muito impressionada e o único comentário que consegui fazer a respeito foi: "por que nunca ninguém me disse isso?"

Passei a ser sua aluna no ano seguinte e desde então estudo vedanta (parte final dos Vedas - textos sagrados do hinduísmo). Em 2oo7, fiz minha segunda viagem à Índia, e tive a felicidade de acompanhar minha Mestra na realização de seu sonho. Com o material filmado e mais uma entrevista feita no Rio de Janeiro, surgiu o filme "Gloria". 

Foi uma grande honra registrar a história de alguém tão especial para mim e uma ótima oportunidade para reflexão sobre o documentário - o desafio de filmar alguém tão perto. 

Ainda vou falar muito por aqui da Gloria, da Índia, de Vedanta...


Trailer do "Gloria" em breve por aqui...

(Foi mal o suspense, juro que não é estratégia de marketing)

com os pés atrás da cabeça...

Hatha yoga é uma ferramenta apenas, não é o caminho.
Se contorcionismo trouxesse algum conhecimento, o circo estaria cheio de Budhas.


Ainda sobre a mente

Quando a gente acha que a dominou, ela dá uma rasteira na gente.

Não dá para prende-la o tempo todo. Observe, segure, solte um pouquinho.
 
Negocie.

E o mais importante: 

relaxe.



Meditar é aprender a ficar

O corpo físico é matéria, grosso. A mente é sutil. As vezes a mente já passou pelo processo, já digeriu e absorveu o "sapo", mas na garganta ele ainda entala. Nosso corpo tem outro tempo, diferente da mente. Um pensamento vai embora e você segue outro como um macaco que pula de galho em galho em frações de segundos! Mal percebe que "viajou" e de repente já nem sabe o que estava pensando ou pretendendo fazer. É muito comum esquecer de coisas imediatas, do que se ia falar naquele momento, ou "eu levantei do sofá pra que mesmo?". Basta um pensamento passar por você que facilmente te leva embora. Nós somos assim, metade remoendo o passado, sofrendo por coisas que não podemos mudar, metade ansiosos planejando o futuro.  A angustia vem do que já foi e do que talvez nem aconteça. E o presente, como fica? Esquecido. 

É por isso que alguns sintomas físicos só são resolvidos quando há alguma mudança mental de comportamento.  E também é por isso que meditação é um estilo de vida, não é sentar no chão e ficar parado com os olhos fechados, não é sofrer com os incômodos no corpo e nas emoções que vem a tona, não é curtir o prazer que dá, não é para relaxar. Meditar é estar atento ao momento presente, seja ele bom ou ruim. É aprender a ficar. 

Hoje em dia sentir dor parece algo arcaico. Para que, se existem tantas drogas que nos anestesiam a vida? Está triste? Tome um calmante, faça compras, ligue para alguém, fume um baseado, coma um doce, ligue a TV, roa unhas, acenda um cigarro, faça uma faxina em casa, qualquer coisa, mas faça alguma coisa! Por que sentir dor agora é tão ruim assim? Não é masoquismo, mas a dor é fundamental para a nossa vida. É um sintoma que nos avisa quando algo não vai bem. 

A dor é anestesiada, o prazer é fabricado. Ninguém mais está a vontade na própria pele. E não paramos de buscar a tal felicidade lá fora. Depositamos o nosso bem estar na carreira, nos filhos, nos maridos e esposas, no dinheiro, no carro novo, nas compras, no poder, no que possa existir que satisfaça nossos desejos. Porque sempre haverá algo a ser desejado, e que depois de alcançado, dá lugar ao próximo objeto do desejo. E assim a gente se distrai, passa a vida querendo preencher um vazio sem olhar realmente para ele. Porque olhar pra dentro não é nada fácil, parece um universo inteiro desconhecido e poderoso, nós mesmos. Assusta, mas é aí que temos que ficar.

E depois não basta olhar, tem que querer enxergar e aceitar o que encontra pela frente. Só assim pode haver alguma mudança. Não adianta fazer nada pelo outro se o próprio não quiser. É de dentro para fora. Quer uma dica de meditação? Preste atenção. Em você, na sua respiração, nos seus passos. Perceba como reage e conheça o que dispara em você a raiva, o medo, a alegria. Se conheça. Quando estiver mal, respire fundo. A característica do mundo é a dualidade, dia e noite, calor e frio. Dual e transitório. A dor passa, a alegria também. Em baixo dessa superfície turbulenta há uma plenitude há ser conhecida, a sua verdadeira essência, que é profunda e presente todo o tempo. O que está esperando? Mergulhe!!!
  

segunda-feira, 30 de março de 2009

Inauguração

Já vinha planejando há um tempo esse blog. Fiz uma lista de assuntos que gostaria de escrever sobre e uma lista maior ainda de possíveis nomes para o tal do blog. Eu e minhas anotações perdidas em infinitos cadernos, blocos, pedaços de papel. 

Um dos nomes na lista era inauguração. Falaria sobre o começo das coisas, toda a ansiedade, expectativa, medo. Sobre a espera de inaugurar a vida que se quer ter, inaugurar a si. Falar de qualquer primeira vez mistura memória e angústia, passado e futuro. Nostalgia absoluta, saudade até do que não foi e de tudo o que ainda será. Na vida só temos certeza da morte. E de que sempre há uma primeira vez. A capacidade de se reinventar é poder começar de novo várias vezes. 

Mas uma boa parte dos meus rabiscos foi embora em um assalto no mês de março. Não vou me estender porque do tema "inauguração", esse post passaria para  "apego", pois doeu ter vários objetos que chamava de "meus" agora perdidos, jogados fora, nas mãos de qualquer pessoa, queimados. Dói, mas passa. Talvez eu estivesse escrevendo planos demais e executando de menos. Por isso decidi inaugurar logo isso aqui. Assim, sem muito rumo, sem muita definição. Com a cara a tapa.

O primeiro é só o que vem antes do segundo.