terça-feira, 31 de março de 2009

Momento Jabá

Gloria

"Gloria" é um documentário que fiz durante uma viagem de peregrinação à Índia, em setembro de 2007. Conta a história de Gloria Arieira, que morou na Índia nos anos 70 e somente após 30 anos e várias tentativas, conseguiu visitar um certo templo na cidade de Tirupathi. Em um mês de viagem, os peregrinos visitaram a nascente do Ganges, as cavernas  de Ramana Maharish, Badrinath, Rishkesh, lugares importantes na tradição védica.

No ano 2000, já praticava yoga e meditação há um tempo, e fui assistir a uma palestra da Gloria na ABPY (associação brasileira de professores de yoga), na época eu fazia o curso de formação lá. Lembro de ter ficado muito impressionada e o único comentário que consegui fazer a respeito foi: "por que nunca ninguém me disse isso?"

Passei a ser sua aluna no ano seguinte e desde então estudo vedanta (parte final dos Vedas - textos sagrados do hinduísmo). Em 2oo7, fiz minha segunda viagem à Índia, e tive a felicidade de acompanhar minha Mestra na realização de seu sonho. Com o material filmado e mais uma entrevista feita no Rio de Janeiro, surgiu o filme "Gloria". 

Foi uma grande honra registrar a história de alguém tão especial para mim e uma ótima oportunidade para reflexão sobre o documentário - o desafio de filmar alguém tão perto. 

Ainda vou falar muito por aqui da Gloria, da Índia, de Vedanta...


Trailer do "Gloria" em breve por aqui...

(Foi mal o suspense, juro que não é estratégia de marketing)

com os pés atrás da cabeça...

Hatha yoga é uma ferramenta apenas, não é o caminho.
Se contorcionismo trouxesse algum conhecimento, o circo estaria cheio de Budhas.


Ainda sobre a mente

Quando a gente acha que a dominou, ela dá uma rasteira na gente.

Não dá para prende-la o tempo todo. Observe, segure, solte um pouquinho.
 
Negocie.

E o mais importante: 

relaxe.



Meditar é aprender a ficar

O corpo físico é matéria, grosso. A mente é sutil. As vezes a mente já passou pelo processo, já digeriu e absorveu o "sapo", mas na garganta ele ainda entala. Nosso corpo tem outro tempo, diferente da mente. Um pensamento vai embora e você segue outro como um macaco que pula de galho em galho em frações de segundos! Mal percebe que "viajou" e de repente já nem sabe o que estava pensando ou pretendendo fazer. É muito comum esquecer de coisas imediatas, do que se ia falar naquele momento, ou "eu levantei do sofá pra que mesmo?". Basta um pensamento passar por você que facilmente te leva embora. Nós somos assim, metade remoendo o passado, sofrendo por coisas que não podemos mudar, metade ansiosos planejando o futuro.  A angustia vem do que já foi e do que talvez nem aconteça. E o presente, como fica? Esquecido. 

É por isso que alguns sintomas físicos só são resolvidos quando há alguma mudança mental de comportamento.  E também é por isso que meditação é um estilo de vida, não é sentar no chão e ficar parado com os olhos fechados, não é sofrer com os incômodos no corpo e nas emoções que vem a tona, não é curtir o prazer que dá, não é para relaxar. Meditar é estar atento ao momento presente, seja ele bom ou ruim. É aprender a ficar. 

Hoje em dia sentir dor parece algo arcaico. Para que, se existem tantas drogas que nos anestesiam a vida? Está triste? Tome um calmante, faça compras, ligue para alguém, fume um baseado, coma um doce, ligue a TV, roa unhas, acenda um cigarro, faça uma faxina em casa, qualquer coisa, mas faça alguma coisa! Por que sentir dor agora é tão ruim assim? Não é masoquismo, mas a dor é fundamental para a nossa vida. É um sintoma que nos avisa quando algo não vai bem. 

A dor é anestesiada, o prazer é fabricado. Ninguém mais está a vontade na própria pele. E não paramos de buscar a tal felicidade lá fora. Depositamos o nosso bem estar na carreira, nos filhos, nos maridos e esposas, no dinheiro, no carro novo, nas compras, no poder, no que possa existir que satisfaça nossos desejos. Porque sempre haverá algo a ser desejado, e que depois de alcançado, dá lugar ao próximo objeto do desejo. E assim a gente se distrai, passa a vida querendo preencher um vazio sem olhar realmente para ele. Porque olhar pra dentro não é nada fácil, parece um universo inteiro desconhecido e poderoso, nós mesmos. Assusta, mas é aí que temos que ficar.

E depois não basta olhar, tem que querer enxergar e aceitar o que encontra pela frente. Só assim pode haver alguma mudança. Não adianta fazer nada pelo outro se o próprio não quiser. É de dentro para fora. Quer uma dica de meditação? Preste atenção. Em você, na sua respiração, nos seus passos. Perceba como reage e conheça o que dispara em você a raiva, o medo, a alegria. Se conheça. Quando estiver mal, respire fundo. A característica do mundo é a dualidade, dia e noite, calor e frio. Dual e transitório. A dor passa, a alegria também. Em baixo dessa superfície turbulenta há uma plenitude há ser conhecida, a sua verdadeira essência, que é profunda e presente todo o tempo. O que está esperando? Mergulhe!!!
  

segunda-feira, 30 de março de 2009

Inauguração

Já vinha planejando há um tempo esse blog. Fiz uma lista de assuntos que gostaria de escrever sobre e uma lista maior ainda de possíveis nomes para o tal do blog. Eu e minhas anotações perdidas em infinitos cadernos, blocos, pedaços de papel. 

Um dos nomes na lista era inauguração. Falaria sobre o começo das coisas, toda a ansiedade, expectativa, medo. Sobre a espera de inaugurar a vida que se quer ter, inaugurar a si. Falar de qualquer primeira vez mistura memória e angústia, passado e futuro. Nostalgia absoluta, saudade até do que não foi e de tudo o que ainda será. Na vida só temos certeza da morte. E de que sempre há uma primeira vez. A capacidade de se reinventar é poder começar de novo várias vezes. 

Mas uma boa parte dos meus rabiscos foi embora em um assalto no mês de março. Não vou me estender porque do tema "inauguração", esse post passaria para  "apego", pois doeu ter vários objetos que chamava de "meus" agora perdidos, jogados fora, nas mãos de qualquer pessoa, queimados. Dói, mas passa. Talvez eu estivesse escrevendo planos demais e executando de menos. Por isso decidi inaugurar logo isso aqui. Assim, sem muito rumo, sem muita definição. Com a cara a tapa.

O primeiro é só o que vem antes do segundo.