quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Dezembro

Pode ser pela semana chuvosa. Pior ainda por ser dezembro.
Nesse último mês do ano o clima fica as vezes meio apressado-nervoso-frustrado-ansioso. Sempre é corrido, muito mais do que o ano inteiro. Sempre tem muito mais gente na rua, parece que brotam de algum lugar nessa época. Sempre piora o trânsito, os motoristas ficam mais intolerantes, os pedestres ficam mais suicidas. Dezembro é tenso. Quinhentos encontros de final de ano com gente que você viu o ano inteiro e que vai continuar vendo ano que vem. Amigos ocultos, listas enormes de presentes a comprar, enfeites, comida. Encerramento de prazos de trabalho, finais de curso, provas. Tudo isso no calor e chuva de dezembro.
Em meio à correria externa, aqui dentro fica uma bruma. Me dou conta do que queria ter feito e não fiz. Me dou conta de que não dou conta de tudo. Penso no que vou fazer ano que vem. E aí é só contar até 10 para perceber muito bem instalada a receita ansiedade-angustia-medo (e para melhorar, cólicas menstruais). Sim, dezembro com chuva fica ainda melhor com uma coliquinha.
Sento na frente do computador e digito algumas pesquisas, na esperança do Google me dar a rota da minha vida. Me sugerir alguma coisa para fazer. Como se eu não já tivesse uma lista enorme...
A lua mingua e com ela a minha vontade. Plutão e Saturno estão conversando no céu, nem precisava falar, senti o peso deles desde semana passada. Tudo fica difícil, tudo fica pesado. Pensamentos, sentimentos, vontades. Tudo suspenso no ar, confuso, denso.
Observo a tudo isso, as vezes afogada, as vezes na beira do rio. É sempre assim. Dezembro vem para limpar, depurar. E para isso é preciso mergulhar sem medo, buscar nas entranhas a cura. Vai sem medo, porque, incrivelmente, no primeiro dia do ano essa nuvem já foi embora e vem uma alegria e esperança que transborda no peito. Todo ano é assim. Pelo menos para mim.

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