terça-feira, 31 de março de 2009

Meditar é aprender a ficar

O corpo físico é matéria, grosso. A mente é sutil. As vezes a mente já passou pelo processo, já digeriu e absorveu o "sapo", mas na garganta ele ainda entala. Nosso corpo tem outro tempo, diferente da mente. Um pensamento vai embora e você segue outro como um macaco que pula de galho em galho em frações de segundos! Mal percebe que "viajou" e de repente já nem sabe o que estava pensando ou pretendendo fazer. É muito comum esquecer de coisas imediatas, do que se ia falar naquele momento, ou "eu levantei do sofá pra que mesmo?". Basta um pensamento passar por você que facilmente te leva embora. Nós somos assim, metade remoendo o passado, sofrendo por coisas que não podemos mudar, metade ansiosos planejando o futuro.  A angustia vem do que já foi e do que talvez nem aconteça. E o presente, como fica? Esquecido. 

É por isso que alguns sintomas físicos só são resolvidos quando há alguma mudança mental de comportamento.  E também é por isso que meditação é um estilo de vida, não é sentar no chão e ficar parado com os olhos fechados, não é sofrer com os incômodos no corpo e nas emoções que vem a tona, não é curtir o prazer que dá, não é para relaxar. Meditar é estar atento ao momento presente, seja ele bom ou ruim. É aprender a ficar. 

Hoje em dia sentir dor parece algo arcaico. Para que, se existem tantas drogas que nos anestesiam a vida? Está triste? Tome um calmante, faça compras, ligue para alguém, fume um baseado, coma um doce, ligue a TV, roa unhas, acenda um cigarro, faça uma faxina em casa, qualquer coisa, mas faça alguma coisa! Por que sentir dor agora é tão ruim assim? Não é masoquismo, mas a dor é fundamental para a nossa vida. É um sintoma que nos avisa quando algo não vai bem. 

A dor é anestesiada, o prazer é fabricado. Ninguém mais está a vontade na própria pele. E não paramos de buscar a tal felicidade lá fora. Depositamos o nosso bem estar na carreira, nos filhos, nos maridos e esposas, no dinheiro, no carro novo, nas compras, no poder, no que possa existir que satisfaça nossos desejos. Porque sempre haverá algo a ser desejado, e que depois de alcançado, dá lugar ao próximo objeto do desejo. E assim a gente se distrai, passa a vida querendo preencher um vazio sem olhar realmente para ele. Porque olhar pra dentro não é nada fácil, parece um universo inteiro desconhecido e poderoso, nós mesmos. Assusta, mas é aí que temos que ficar.

E depois não basta olhar, tem que querer enxergar e aceitar o que encontra pela frente. Só assim pode haver alguma mudança. Não adianta fazer nada pelo outro se o próprio não quiser. É de dentro para fora. Quer uma dica de meditação? Preste atenção. Em você, na sua respiração, nos seus passos. Perceba como reage e conheça o que dispara em você a raiva, o medo, a alegria. Se conheça. Quando estiver mal, respire fundo. A característica do mundo é a dualidade, dia e noite, calor e frio. Dual e transitório. A dor passa, a alegria também. Em baixo dessa superfície turbulenta há uma plenitude há ser conhecida, a sua verdadeira essência, que é profunda e presente todo o tempo. O que está esperando? Mergulhe!!!
  

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